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quarta-feira, 25 de abril de 2012

CARNAVAL

A princípio houve o ENTRUDO, que os portugueses trouxeram para o Brasil, no século XVIII. Mário Sette, o cronista do Recife antigo, informa que na capital pernambucana se brincou muito o ENTRUDO, tipo de carnaval com banho dos foliões dentro de gamelas e barris. Eneida, que tão bem escreveu a história do carnaval carioca, considera o ENTRUDO porco e brutal, assustador dos primeiros viajantes estrangeiros chegados ao Brasil.

O carnaval de Teresina até 1859, conforme ao depoimento do padre Joaquim Chaves, era modesto e consistia quase exclusivamente no ENTRUDO das bisnagas, que esguichavam água suja, vinagre e outros líquidos, derramados em roupas e cabeças. Sujo e grosseiro.

Em 1859 deu-se o primeiro carnaval de Teresina. Brigou-se muito. Bailes no Teatro Santa Teresa, hoje Secretaria da Cultura. Cavalheiros mascarados a cavalo e a pé percorreram a cidade. Rapazes já se fantasiavam vestidos de mulher.

A CARNAVAL têm sido atribuídos muitos étimos diferentes.

O velho Morais dá-lhe origem italiana carnavale ou canevale.

Figueiredo acolhe opinião de Korting: a fonte de carnaval é carrus e navalis, que dariam os elementos car e naval para a formação da palavra. O autor a que se refere o dicionarista, o citado alemão Korting, pretendeu referir-se talvez aos carros alegóricos característicos de festejos carnavalescos. Para Xavier Fernandes o étimo referido não tem fundamento histórico.

Diez sugeriu que carnaval derivou de duas palavras latinas: caro, carnis (carne) e vale (adeus), significando adeus, ó carne.

Deve observar-se que a raiz do primeiro elemento carn não pode ser um vocativo. Esta a razão pela qual os estudiosos levam à conta de fantasia a sugestão do ilustrado filólogo.

Xavier Fernandes anota o estudo de Bouillet: "Carnaval formou-se do latim caro e do francês avale, de avaler, engolir, comer. Bouilet não se importou com a formação híbrida, que sugeriu, e - pior do que isto - esqueceu-se de que o vocábulo já existia no italiano antes de existir no francês".

Nascentes oferece o étimo italiano carnevale, mas observa: "É duvidosa a origem deste vocábulo, primitivamente designativo da terça-feira gorda, tempo a partir do qual a Igreja suprime (latim levare) o uso da carne".

Petrochi apontou como étimo o baixo-latim, interpretado por Stappers como carnis levamen, prazer da carne, antes da tristeza e continência da quaresma.

Parece que a etimologia mais aceitável de carnaval é o italiano carnevale ou carnovale, tirado do baixo-latim carnem levare, com a significação literal de abstenção de carne.

Carnaval já expressou o tempo em que se comiam viandas e guisados de carne. Vieira escreveu: "Tumultuou o povo no deserto contra Moisés, e foi o tumulto de carnaval" - isto é, causou o tumulto as recordações do tempo em que comiam carne no Egito.

São diversas as origens atribuídas ao carnaval. Originário da Antiguidade ou da Idade Média, a verdade é que ele aparece de formas diferentes em épocas e países distintos: entre os gregos e romanos, com préstimos de pessoas mascaradas e mulheres nuas; na Espanha, na Alemanha, na Rússia, na Itália, na França - por toda a Europa, embora no Velho Mundo dos nossos dias esteja quase desaparecido.

Ao Brasil chegou o carnaval no século XVII, trazido pelos portugueses, inicialmente sob a forma de entrudo.


A. Tito Filho, 08/02/1991, Jornal O Dia, p. 4

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