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quinta-feira, 5 de abril de 2012

FEMINISMO

Macho provém das alterações fonéticas sofridas pelo latim MASCULU. De macho se fez MACHISMO, qualidade ou modos de macho, o mesmo que macheza, dominação do homem sobre a mulher. Do latim FEMINA, em português fêmea, deriva FEMINISMO, que se define como a luta pela ampliação dos direitos civis e políticos do antigo sexo frágil ou equiparação, dos seus direitos aos do homem, - vitórias que elas já conseguiram, abolindo-se quaisquer diferenças entre os dois sexos, salvo o apêndice de alguns centímetros abaixo do umbigo, o gogó, uma costela a menos, circunstâncias privativas dos adões, e as regras que são prerrogativas dos rabos-de-saia. Sim, quase esqueço da pensão que o pobre desgraçado tem que desembolsar, quando o casório se desmancha.

A liberdade se faz total nos dois tipos. Ambos, moço e moça, saem sós e voltam de madrugada. Amam-se em qualquer lugar até nos motéis. Ninguém pede mais a mão da garota, que já não namora como antigamente debaixo da vigilância da tia velha ou da vovó, ou do irmãozinho chato que só deixava o casal quando o sujeito lhe dava a moeda para o sorvete na esquina.

Acabou-se a supremacia do gênero masculino. Ensinou-se durante anos seguidos que o masculino tinha supremacia sobre o feminino. Dizia-se: o brasileiro é obrigado a ter vergonha - e o brasileiro aí envolvia os dois tipos. Sarney mesmo liquidou o mandamento e reconheceu o feminino com direito ao primeiro lugar, usando sempre o vocativo BRASILEIRAS E BRASILEIROS.

Nos dias que correm o chefe do casal está representado pela mulher. Retornou-se ao matriarcado. Jamais se viu a supracitada com tanto prestígio e forma de mandar. As donas se metem em todos os assuntos, inclusive naqueles para os quais não são chamadas. Discutem besteiras colossais. Lêem mediocridades. Fumam. Consomem muito álcool, chegam a grandes pileques. Foi-se a virgindade - e raríssimas mantêm o fogo sagrado.

Se machismo era o poder do mando incontestável por parte do gajo, feminismo deve tomar outra significação, justamente a de domínio completo do varão pela mulher, machona de corpo e alma, - médica, advogada, prefeita, deputada, senadora, jornalista, policial, romancista, motorista de ônibus, assaltante, maconheira. Em nenhum tipo de emprego o elemento feminino padece qualquer modalidade de discriminação, salvo, como é obvio, com relação às incompetentes feias. Bonitonas, ninguém as recusa, não precisam de concurso ou pistolão. Diz-se que existe atitude discriminatória com a gente de cor, o que não corresponde à verdade, exceto quando a mulata não possui nenhuma competência no corpo. E as diabinhas têm armas de convencimento. Se nada alcançam com o palavreado, com o grito, com os gestos dengosos, buscam o choro e derretem os corações mais duros dos bestalhões para os caprichos supinamente desmiolados.

As costelas-de-Adão venceram a luta. Transformaram os antigos machos em tristes manicacas. Feminismo vale dominação. De qualquer maneira, a mulher sempre será divina, uma graça, e quando boazuda - Deus do céu, fica gostosa e desconcerta a cabeça da gente.


A. Tito Filho, 14/04/1991, Jornal O Dia, p. 4

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