Quer ler este este em PDF?

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A ACADEMIA E O LIVRO

Leônidas Melo, que governou o Piauí de 1935 a 1945, mais de dez anos, praticou alguns atos censuráveis porque violentos. A sua administração, porém, foi das mais benéficas às coletividades estaduais. No aspecto cultural, esteve irrepreensível. Reeditou obra rara como a autobiografia do cabo-de-guerra português Fidié. Incentivou a vida literária de Teresina com a edição de trabalhos de poetas e prosadores, inclusive a primeira história da literatura piauiense, de João Pinheiro. Publicaram-se livros dos mais ilustres escritores da época, como Higino Cunha, Celso Pinheiro, Martins Napoleão, entre outros. Livros de diminuta tiragem e que circulavam nos restritos meios intelectuais, sem que chegassem ao grande público.

Só a partir de 1972, no primeiro governo de Alberto Silva, se verificou a difusão da história política, social e administrativa do Piauí, bem assim das melhores concepções em prosa e poesia dos autores piauienses, e à Academia Piauiense de Letras, sobretudo coube a organização das obras, às vezes a adaptação ortográfica, os comentários dos textos, e a ela atribuiu a tarefa de distribuí-las por todas as áreas federadas. De 1972 até os dias atuais, com o incentivo e o apoio de várias administrações, a Academia promoveu seguidamente a edição de dezenas de bons livros, a exemplo de LIRA SERTANEJA (Hermínio Castelo Branco), PESQUISAS PARA A HISTÓRIA DO PIAUÍ (Odilon Nunes), NAS RIBAS DO GURGUÉIA (Artur Passos), CRONOLOGIA HISTÓRIA DO ESTADO DO PIAUÍ (Pereira da Costa), A GUERRA DO FIDIÉ (Abdias Neves), HISTÓRIA DA IMPRENSA NO PIAUÍ (Celso Pinheiro), O PIAUÍ NA POESIA POPULAR (Félix Aires), DEPOIMENTO PARA A HISTÓRIA DAS REVOLUÇÕES NO PIAUÍ (Moysés Filho), CANTO DA TERRA MÁRTIRE (Martins Vieira), antologias de José Coriolano, Zito Batista e Esmaragdo Freitas (A. Tito Filho), PRAÇA AQUIBADÃ (A. Tito Filho), HISTÓRIA EPISCOPAL DO PIAUÍ (Dagoberto Júnior), CANCIONEIRO GERAL (Martins Napoleão), APONTAMENTOS BIOGRÁFICOS (Padre Joaquim Chaves), GEOGRAFIA FÍSICA DO PIAUÍ (João Gabriel Baptista), POESIA E PROSA (Jônatas Baptista), ANGLO-NORTE-AMERICANISMOS NO PORTUGUÊS DO BRASIL (A. Tito Filho), NOTAS FORA DA PAUTA (Moura Rego), NORDESTE (Hermes Viana), ENDOEMA (William Palha Dias), IDEOLOGIA E CIRCUNSTÂNCIA (Clidenor Freitas Santos), A MISTERIOSA PASSAGEIRA (Lili Castelo Branco), MUSEUS E CASAS DE CULTURA DO PIAUÍ (Lícia Margareth e Marília Coelho), TROPICALISMO (Soares Cordeiro), MOVIMENTOS SOCIAIS (Sônia Nogueira), LICEU PIAUIENSE (A. Tito Filho), O DISCURSO IMPERFEITO (M. Paulo Nunes), MEDICINA E PODER POLÍTICO EM FLORIANO (Bento Bezerra), TERESINA MEU AMOR (A. Tito Filho), UMA FIGURA SINGULAR DE MISSSIONÁRIO (Frei Memória), UM DRAMA DE CONSCIÊNCIA (Salomão Chaib) - livros que muito contribuem para o conhecimento da terra piauiense ao revelar ainda dos principais autores de ficção, crônicas  e de crítica literária.

É vigoroso o plano da Academia para 1991, iniciado com um bom romance de José Expedito Rego, MALHADINHA, de costumes familiares sertanejos e amores ilícitos de gente da antiga capital do Piauí. Ainda do ano passado, com lançamento festivo em dezembro, entregou-se ao público MEMÓRIAS E DEPOIMENTOS, do ex-governador José da Rocha Furtado.

Outros livros de variado gênero poderiam ser relacionados como parte do volumoso plano acadêmico dos anos anteriores. Para 1991 se preparam no momento obras de grande utilidade originadas por autores projetados como William Palha Dias, M. Paulo Nunes, Miridan Britto Knox, Orgmar Monteiro, Hardi Filho, Renato Castelo Branco, Sátiro Nogueira, Afrânio Nunes.

Já neste sábado, a Academia lança ASPECTOS DA ARQUITETURA DE FLORIANO, uma obra valiosa, fartamente ilustrada, de autoria do professor José Nunes Fernandes, um jovem de inteligência e dedicação à vida cultural.


A. Tito Filho, 16/02/1991, Jornal O Dia - p. 4

Nenhum comentário:

Postar um comentário